NÃO POSSUÍMOS AQUILO QUE NÃO PODEMOS LEVAR

Luciene Amaral da Silva

Nossa! não sei como descrever tudo isso que se passou em menos de 24 horas. Agora é noite e tudo parece tranquilo para uns e desesperador para tantos.

O dia amanheceu e quem estava em suas casas preparando o café da manhã acreditava que ia ser como todas as manhãs, em algumas regiões da cidade.

De repente uma vizinha informa que a água estava subindo e nunca imaginaríamos que ao abrir a porta viríamos a cena da água invadido as casas. Pessoas correndo, chorando, uns tentando salvar a vida, outros tentando salvar o que havia construído durante uma vida toda.

As pernas ficaram trêmulas, o coração palpitava no peito e o único pensamento que vinha à cabeça era "não se desespere, só assim poderá salvar a si mesma e ajudar os outros".

Ainda deu tempo de escolher o que levar para salvar, em meio a tanto desespero e aflição na rua, olhei para trás e fui ver o que tinha de essencial para poder salvar. Primeiro nossas vidas seriam a prioridade, depois cada objeto escolhido seria selecionado por um objetivo simbólico: contava nossa história.

Primeiro vieram os documentos, depois poucas roupas, depois objetos de higiene pessoal e poucos brinquedos para a criança se entreter. E mais uma vez, diante de tudo, percebemos que nada é nosso, porque não possuímos aquilo que não podemos levar.

Para os que perderam tudo, de fato, não dá para romantizar nenhuma situação de tragédia, foi muito difícil ver tanto desespero e desolação, tanta luta, mas foi fortalecedor ver tanta solidariedade, por um minuto o medo da epidemia se uniu ao medo pelas vidas das pessoas, por que de qualquer forma, se as pessoas não fossem salvas seria morte também.

A situação nos fez entender o ditado que sempre disseram "se correr o bicho (vírus) pega e se ficar o bicho (fome e enchentes ) come.

Mas, não vamos desistir nunca. Somos humanos, somos fortes, sabemos que somos inquilinos do planeta terra e isso ficou bem claro com a doença e as catástrofes, mas não desistiremos nunca.

Vamos voltar a nos proteger da epidemia, nos solidarizar com quem está mais necessitado nesse momento. Vamos cuidar uns dos outros em todos os momentos, só assim sobreviveremos juntos.

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