SANTO DE PÉS DE BARRO

Joaquim José Oliveira Chagas

SANTO DE PÉS DE BARRO

Outro dia estava numa grande loja de departamento pagando um produto quando, de repente, ao me virar para ir embora, deparei-me com uma senhora que, qual um furacão invade a fila, quase me atropelando e falando para uma adolescente á primeira da fila, “vou passar na sua frente porque como você sabe é Lei.” DETALHE SÓRDIDO. Não existia fila. A adolescente atrás de mim seria a próxima e não tinha mais ninguém. Este caixa era separado da bateria de caixas da loja onde existem caixas exclusivos para prioridades de acordo com a Lei Federal nº 10.741.
Tudo isto nos leva a refletir! Até que ponto, vamos continuar pagando tributo à animalidade por falta de educação quer seja a doméstica ou a formal? De imediato lembro-me de uma pregação onde o pastor dizia: “Que o dinheiro compra a casa, mas não o lar”; compra a cama, mas não compra o sono; compra até mulher, mas não compra o amor; e por ai vai. No nosso País vivemos estes paradoxos.
O nosso congresso amplia direitos, seja do idoso, adolescente, índio, negro, quilombola etc. os parlamentares e dirigentes ficam bem na fita com seus eleitores a falar aos quatro ventos que nunca na historia deste País... Mas ninguém quer encarar o óbvio. Quem nunca viu em caixas eletrônicos de Bancos máquinas de primeiro mundo com tecnologia touchscreen, uma legião de trabalhadores, aposentados, pensionista que não sabe ler e nem escrever com um cartão eletrônico na mão, muitos tutelados (ou seria melhor dizer escravizados) por parentes (filhos, nora, genro etc.) que por vezes pagam um pequeno pedágio por este favor. Quando não são enganados completamente.
Meu Deus! Sou de uma geração que nasceu sob a égide do Dragão da Inflação. Hoje vejo um País com uma estabilidade financeira impensável naqueles tempos, todas as formulas, porções mágicas foram usadas para este bolo crescer e poder ser dividido, mas o fermento sempre se mostrava estragado. Hoje somos uma Nação rica em dinheiro e capital humano. Galgamos degraus importantes no caminho do primeiro mundo, mas que Brasil chegará lá? Aquele do celular último tipo, do tablet 4G, do carro importado, mas o que faremos com o outro Brasil aquele logo ali na nossa frente, sem educação, sem noção, mas rico, que ainda pede uísque com guaraná? Vivemos a síndrome do “new rich,” o que antes se restringia a uns poucos ganhadores da loteria que esbanjavam dinheiro e mico por onde passava. Agora, a nação como um todo, ganhou na loteria e disparamos a correr qual estouro da boiada a consumir tudo que vemos pela frente, suprindo um demanda reprimida é bem verdade, mas esquecendo de que, até para gastar é preciso ter educação. A mudernidade com “u” mesmo é desfilar com os mais recentes gadget importados, bolsa Louis Vuitton, mas os comportamentos continuaram de pessoas que nunca priorizaram educação em suas vidas e tem como verdade que as leis sempre são feitas para os outros, nunca para elas, pois adoram direitos, mas deveres é coisa muito chata, portanto: furar fila, falar alto, jogar lixo na rua, estacionar em vagas reservada..., a lista é enorme.
Para entrar na porta estreita da civilização não basta ter dinheiro, é preciso ter valores morais e éticos, coisa que, Graças a Deus, ainda não se vende em loja de departamento, mas só se adquire olhando para seus próprios pés e vendo, atenção, nem sempre olhar é vê. Que a exemplo daquele garotinho que ao acordar no palácio real com o barulho da festa, desce as escadarias e ao ver o baile nos salões reais gritou: O rei esta nu. Ou seja, sem educação não há salvação, até podemos ser santos, afinal somos um povo religioso, alegre e cordial mais nosso pés ainda são de barro.

Joaquim Oliveira Chagas
Adm. Público
(07/04/2013)

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