LITURGIA DO CARGO (NOBLESSE OBRIGE)

Joaquim José Oliveira Chagas

LITURGIA DO CARGO
(Noblesse obrige)

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. ” (I Cor. 13:11).

A imagem do Governador do Rio de Janeiro, adentrando o campo em Lima, no Peru ao final da Copa Libertadores da América, e ajoelhando-se diante do Gabi Gol e ato continuo sendo por este desprezado, correu o Brasil. Uma imagem vale por mil palavras, um vídeo deve valer então um milhão de palavras, (ou seria likes), o gesto do governador além de piegas é de uma subserviência que beira o ridículo, um papelão para dizer o mínimo, vale a máxima: quem não se dar o respeito, não será respeitado, quanto a atitude do Gabi Gol, mostraria maior grandeza de tivesse cumprimentado o governador, fazendo sua parte, mas aí é pedir demais que além de bom jogador fosse educado, os flamenguista vão dizer “ninguém é perfeito”.
Brincadeiras à parte, a pergunta que fazemos estarrecidos é onde foi parar a noblesse oblige, (quem quer ser nobre deve se comportar nobremente. Deve-se agir de uma forma que esteja em conformidade com a posição de alguém, e com a reputação que ganhou).
Há poucos meses, atrás tivemos um episódio justamente o oposto, onde numa audiência no Superior Tribunal Federal o ministro Marco Aurélio Mello chamou a atenção de uma advogada que chamou suas “Excelências” por você, (foi nervosismo alegou ela) quebrando a famosa liturgia do cargo. Afinal o que podemos inferir sobre estes dois emblemáticos casos? Parece sintomáticos, no primeiro caso, por excesso de auto liberalidade a síndrome ou complexo de Luiz XIV o Rei Sol, L’ etat c’est moi” que acomete os nossos governantes quando chegam ao poder. Se sentem donos do cargo e quebram os protocolos ao seu bel prazer esquecem que foram eleitos para servir, aliás são os maiores servidores. E no segundo caso, se não foi pelo fator nervosismo como a consulente alegou, é um desrespeito e um desprestigio com a liturgia da instituição ou é daquelas que julgam também a suprema corte uma Instituição opressora, e por último e não menos importante, pouco caso com a última flor do láscio.
Na superfície é o que vemos, mais creio que as raízes são mais profundas, em primeiro lugar há uma degeneração geral na civilização ocidental, todo o ocidente estar sob ataque, sob o nome de progressismo, os bárbaros estão as portas, (muçulmanos fundamentalista e socialistas de todos os matizes), aliás por falar em porta uma das técnicas usada se chama exatamente de “Pé na Porta” são técnicas da psicologia aplicada em determinada situação. Esta agenda (narrativa) continua avançando, isto lembra uma poesia chamada “No caminho, com Maiakovski” de autoria de Eduardo Alves da Costa poesia que foi durante décadas atribuída ao poeta russo Vladimir Maiakovski, apropriado pela turma gauche na vida, porque não enxergavam que um brasileiro niteroiense fosse capaz de fazer uma poesia tão visceral, apenas pra registrar “en passant” o russo Maiakovski poetas das primeiras horas do comunismo, desencantado com o paraíso cinza do socialismo, suicidou-se (trauma balístico - eufemismo russo) com um tiro no peito mas vamos a poesia:
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
Pisam as flores, matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e,
Conhecendo nossos medos, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. ”


Lembram daquela música “É proibido proibir” pois bem, onde nada é proibido, tudo é permitido, esta é a situação que vivemos hoje, os valores são debochados como coisa retrógrada a ordem é mudar, dividir para governar, são tempos sombrios, é uma luta de todos contra todos. Aposta-se quando pior melhor, a pergunta que não quer calar, interessa a quem este caos? Portanto tanto a Senhora Advogada e o Senhor Governador do Rio de Janeiro, deveriam guardando as devidas proporções, prezar pela liturgia dos cargos, pois só preservando nossos valores e tradições poderemos almejar chegar a algum lugar como sociedade, quanto tempo esperaremos ainda para este país do FUTURO se realizar no tempo presente? A estrada para o futuro foi pavimentada por todos que por aqui passaram e deixaram seu legado, isto é chamado a democracia dos mortos, (herança cultural) porque foram eles que entre tentativas e erros, nos legaram o ritual.
Agora cabe a todos nós preservar e defender estes valores civilizacional que vem dando certo a mais de mil anos, afinal time que está ganhando não se mexe, isto me lembra uma declaração do saudoso deputado Dr. Enéas Carneiro “Não pareço conservador, eu sou conservador porque respeito aquilo que é clássico. Clássico não é o velho, clássico é aquilo que é eterno”.
A educação destes novos tempos/Governadores/advogados, formados em nossas academias onde se ensina esta platitude dita pelo padrasto da educação nacional (o gauche Paulo freire) “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”..., portanto, a ignorância, sumiu como um passe de mágica. São tempos do politicamente corretos que não ver hierarquia em coisa alguma, tudo e todos são opressores. Me fez lembrar o que disse C.S. Lewis: A educação sem valores, por mais útil que seja, tem como objetivos tornar o homem um diabo mais inteligente.

Joaquim José Oliveira Chagas.

Comentários