TORMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA

Djalma Carvalho

O mundo está agitado, preocupado, em suspense, com o Coronavírus atacando pessoas, levando-as ao desespero e fatalmente à morte, se não forem observadas as recomendações médicas indicadas. Vírus devastador, letal, que surge com mutações diferentes, diversas, e que tem causado tormentos e dor à humanidade ao longo da história. Matou milhões de seres humanos por onde passou.
A Gripe Espanhola em 1918 e 1919, por exemplo, também com tamanho furor de letalidade fez vítimas no mundo inteiro, calculando-se em 50 a 100 milhões o número de mortes. Considerada a “mãe das pandemias”, no Brasil levou à morte o presidente da República Rodrigues Alves antes de ele assumir o seu segundo mandato para 1918-1922.
Agora, aporta no Brasil o “novo coronavírus” (Sars-Cov-1), como doença devastadora chamada Covid-19, para tumultuar a vida dos brasileiros e do país. Como defesa, foi recomendado à população o isolamento social ou quarentena, para se evitar, dessa forma, sofrimentos ou fatalmente mortes. “Fique em casa!”, é ordem geral. Ninguém na rua. O Brasil parou. A população amedrontada, atenta às recomendações das autoridades de saúde, optou, evidentemente, pela saúde, pela vida, apesar do confinamento.
Nesta data (03/4/2020), por exemplo, o mundo já registra 1.098.000 de infectados e 53.000 de óbitos. No Brasil, 9.056 infectados e 359 óbitos. Números preocupantes que provam que o Coronavírus avança impiedosamente pelo mundo afora.
De qualquer lugar deste país, pobres ou ricos, excelências ou não, estamos todos nesse mesmo barco em defesa da vida. Todos, com certeza, estão cientes da privação da liberdade de ir e vir e dos prejuízos de ordem econômica de cada brasileiro, empregados, empregadores e empresários em geral.
Haveremos de vencer tudo isso! A luta será de sacrifícios, é verdade, mas vitoriosa. Afinal, “Deus é brasileiro”, como disse Cacá Diegues no filme por ele dirigido, expressão repetida pelo papa João Paulo II, quando esteve no Rio de Janeiro em 1980.
Epidemias, terremotos, erupções vulcânicas e guerras em geral sempre existiram e causaram imensos tormentos à humanidade ao longo da história universal, desde a Antiguidade. Mas o mundo encontrou meios corajosos, eficazes, de esperança e fé para sobreviver a todas essas tragédias, vicissitudes, enfrentando-as, com vigor, com tenacidade. Aqui no Brasil não será diferente. O Coronavírus logo, logo passará.
Vejamos, a seguir, alguns tormentos por que passou a humanidade.
A Peste Negra ou peste bubônica, entre 1333 e 1351, na Europa e Ásia, causou 50 milhões de mortos.
A Cólera, conhecida desde a Antiguidade, surgiu como pandemia de 1817 a 1824, levando à morte centenas de milhares de pessoas.
A Tuberculose (Bacilo de Koch) de 1850 a 1950 causou um bilhão de mortes. Doença contagiosa através das vias respiratórias. Sempre ressurge em países pobres.
A Varíola, a popular temida bexiga, esteve no Brasil entre 1896 a 1980. Impôs sofrimento à humanidade por mais de 3.000 anos. Atacou, segundo a história, Ramsés II, no Egito, a rainha Maria, na Inglaterra e o rei Luís XV, na França. Causou a morte de 300 milhões de pessoas.
A Tifo, doença causada por bactérias, originadas de picada de pulga do rato (tipo endêmico), de 1918 a 1922 causou três milhões de mortes na Europa Oriental e na Rússia.
A Febre Amarela (o flavírus) causou grandes epidemias na África e nas Américas. Na Etiópia, por exemplo, de 1960 a 1962, causou 30 mil mortes.
Finalmente, o Sarampo, principal causador da morte de crianças. Até 1963 foram registradas seis milhões de mortes por ano. Com a vacina, a doença foi erradicada em vários países.
Além dessas epidemias, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial causaram a morte de cerca de 90 milhões de pessoas, entre civis e militares. A primeira, em 1914-1918, a segunda, em 1939-1945.
Vindo do interior, acostumado com os costumes sertanejos e com o linguajar do homem do campo, dos pecuaristas, principalmente, parece-me que o termo “confinamento” era por eles largamente usado. Salvo engano, referia-se a gado confinado em currais adequados, recebendo rações especiais, escolhido para engorda.
Agora, estamos em casa, isolados, confinados, apreensivos, aguardando o tempo passar depressa, certamente engordando.

Maceió, abril de 2020.

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