ADERVAL VANDERLEI TENÓRIO

Djalma Carvalho

A Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes, fundada e instalada oficialmente em solenidade realizada em 29 de maio de 2012, logo a seguir escolheu, entre intelectuais, escritores, poetas e pessoas ilustres vinculadas à História de Santana do Ipanema, 30 nomes para a composição do seu quadro de patronos.
O nome de Aderval Vanderlei Tenório foi escolhido como Patrono da Cadeira nº 2.
O ilustre e renomado advogado, filho de Irineu Tenório e de Maria Vanderlei Tenório (“Dona Sidone”), nasceu em 29 de junho de 1929, em Poço das Trincheiras (AL), então distrito de Santana do Ipanema.
Ainda jovem, transferiu-se para Recife (PE), onde passou a trabalhar e estudar.
Acadêmico de Direito, elegante e bem articulado, foi levado a experimentar as luzes da ribalta do teatro universitário de Pernambuco. Aprovado como ator, logo obteve sucesso nos palcos recifenses, a par de sua aparência e porte físico de galã, bom orador e privilegiada inteligência.
Por volta de 1952, convenceu o teatrólogo pernambucano, Augusto Almeida, sonhador e seu admirador, a ensinar arte dramática a seus conterrâneos e amigos de infância em Santana do Ipanema.
O teatro amador, então, movimentou a cidade e arregimentou muita gente para o palco, como Albertina Nepomuceno Agra, Maria de Lourdes Nepomuceno Agra, Alberto Nepomuceno Agra, Geraldo Ferreira Monteiro, Fernando Nepomuceno Filho, Sargento Barros, Elúzia Alves Gomes, Cristália Queiroz, Lourdes Santana, Cleusa Pires, Raquel Freire, Darras Noya, Margarida Falcão, Maria da Luz Oliveira, José Melo, Everaldo Batista, entre outros.
Por essa época, Aderval Tenório, sempre no principal papel das peças, participou de “Grande Mentira”, “Renúncia”, “Bicho do Mato” e “Feia”, todas elas montadas, ensaiadas e levadas à cena com grande sucesso de público. O grupo de amadores santanenses também se apresentou no Teatro Deodoro, em Maceió.
O destacado acadêmico, prestes a bacharelar-se, retornou a Santana do Ipanema, definitivamente, em 1954. Convocado pela direção do Ginásio Santana, passou a ensinar Português e História do Brasil e logo conquistou a simpatia dos alunos do educandário. Fazia das aulas tribuna para seus eloquentes discursos e para o exercício de oratória, ferramenta de trabalho que usaria vida afora.
Tanto sucesso fez no teatro amador, no Ginásio Santana e no Tribunal do Júri da cidade, que o jovem acadêmico acabou sendo eleito deputado à Assembleia Legislativa de Alagoas, em 1954 (PSD), para o mandato de 1955/1958. Voltou a ser eleito deputado estadual em 1962 (PSD) e em 1966 (Arena), para os mandatos de 1963/1966 e de 1967/1970, respectivamente.
Diplomou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Pernambuco em 20 de janeiro de 1955. Inscrito na OAB/AL, recebeu o número 428, que soube honrar, colocando-o nas petições/contestações durante sua longa e brilhante carreira de advogado.
Exerceu grande liderança política em Santana do Ipanema e em Alagoas. Após três mandatos, encerrou, voluntariamente, sua carreira política, para dedicar-se, exclusivamente, à advocacia e as suas propriedades rurais.
Excelente orador, Dr. Aderval Vanderlei Tenório pontificou no Tribunal do Júri em Santana do Ipanema e onde exerceu sua vitoriosa advocacia, em Alagoas e fora de Alagoas.
Casado com Dona Déa teve cinco filhos: Aderval Filho, Irineu Maurício, Dalva, Lucidéa e Ida.
Homem decididamente romântico e vivedor, Dr. Aderval Tenório não se deixou levar por preconceitos e amarras sociais ou religiosas, sabendo dosar com liberdade sua boa vida, ora como solteiro, ora como casado. Para ele, afinal, deveriam valer, vida afora, o verdadeiro sentido dos versos da música de Gonzaguinha, que dizem: “É a vida! É bonita e é bonita! Viver/ e não ter a vergonha/ de ser feliz.”
Dr. Aderval Vanderlei Tenório faleceu em 8 de março de 2005, antes mesmo de completar 76 anos de idade, e seu corpo foi sepultado em túmulo da família, em sua cidade natal, Poço das Trincheiras, Alagoas.

Fontes: livros Caminhada (Sergasa, 1994, p. 29/31) e Chuva no Telhado (QGráfica Editora, 2007, p. 55), de Djalma de Melo Carvalho, e ABC das Alagoas (Senado Federal, 2005, p. 621), de Francisco Reinaldo Amorim de Barros.

Maceió, fevereiro de 2015.


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