FEIRA CENTENÁRIA

Antonio Machado




Dentro do projeto que me propus a fazê-lo, aqui está á conclusão da história da feira livre centenária de Olho d'Água das Flores. Questiono-me, talvez, como se fazer contar escrevendo uma história e 100 anos ( 1920 - 2020), dentro de um espaço tão restrito. Acertadamente, alguém disse que : fácil é dizer muito com muitas palavras, porém, difícil, é dizer muiro com poucas palavras, pois é isto que estou aqui tentando fazer. Inicialmente tentei escrever um escôrço narrando toda saga da feira livre que se realiza semanalmente na cidade envolvendo a população do município onde tudo se comercializa, a feira livre é a festa do povão, onde tudo acontece. Arvorei-me com meu ideal que esse parecia sublime, nesse escôrço, focalizaria todos os fatos, mudanças ocorridas, as toldas do meio da rua vendendo miçangas, sarapatel, cachaça, Brilhantina Zezé, Roial brilhar,Pó-de-joana, garrafada, cuscuz, a gandaia, o o tanque novo, os carros de boi, que possuíam chapas como veículos, a valentia do soldado Tinteiro, que andava montado nos presos (caso contado ao cronista por Manoel Joaquina) as peripécies de Zé Furrundungo, o estrevolim de Zé Vergíneo, os xexos das puaras, os poetas de cordéis cantando no repicado da viola no meio da feira, as brigas no cabaré por causa da gata mais bonita, a imposição severa do governo municipal de Santana do Ipanema na cobrança dos impostos, as mortes misteriosas ocorridas na feira, a feira das panelas que durou 80 anos, a proza atrás da porta nas budegas , a afeira do gado, e tanta e tantas coisas que ocorreram nesses 100 anos, que o tempo levou, e quase nada ficou registrado, mas, meu leitor se é que me dou o direito de possuir um leitor sequer, tudo planejei escrever, e tudo veio por terra, morrem meus ideais, meus planos, concluo estas bibilhotíces com esta frase velha : quem muito abraça, pouco aperta.
A primeira mundaça da feira foi em 17 de maio de 1943, do domingo para a segunda feira, o 2* ocorreu no dia 09 de agosto de 2010, na segunda getão do Prefeito Carlos André Paes Barreto dos Anjos (Nem), revitalizando o centro comercial, e agora recentemente, foi feita a 3* mudança, talvez, a menos popular tirando a feira das segundas feiras para os demais dias da semana, iniciando na rua Sto. Antônio e seus arrabaldes, essa mudança sem graça ocorreu no dia 29 de abril de 2020 na 3* gestão do Prefeito Carlos André, Nem. A feira vem se arrastando ao sabor do fracasso, conversei com cerca de 15 feirantes que foram os pioneiros dessa 3* mudança, não tomei partido, ouvi pacientemente cada comerciante, não cavei nem tirei terra, uns reclamaram da atitude do Executivo, achando ruim, outros aplaudiram, não tive oportunidade de conversar com o Sr. Prefeito Nem, creio, talvez que após a onda do coronavírus, tudo volte ao normal. Anotei os nomes dos pioneiros comerciantes para possíveis consultas.
Quando o Prefeito Nem, tirou a feira do comércio para as ruas laterais, em 2010, as primeiras feiras provocaram certo transtornos entre os comerciantes, diante das mudanças de locais, porém com o tempo tudo foi se acomodando, e no final tudo deu certo. Ao escrever estes rabiscos, lembrei-me de uma décima escrita pelo poeta Colly Flores, focalizando aquele período, escreveu: ''O fumo onde ficou?/Onde botaram as panelas /Até a feira das gamelas/Esta já se acabou/E a farinha e o feijão/Estes estão no mercado/E o caldo de cana gelado?/Não sei nem responder/Até uma nêga pra se cumê/Não sei mais onde encontrar''.

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