(1911-2011) CENTENÁRIO DO POETA PAMEIRENSE JOSÉ BERNARDO DA SILVA

Antonio Machado

(1911-2011) CENTENÁRIO DO POETA PAMEIRENSE JOSÉ BERNARDO DA SILVA
“A poesia existe, mas é preciso o poeta para descobri-la ‘’
(Colly Flores)
Antônio Machado
A poesia é uma das mais belas manifestações da alma humana, se a natureza não dotou todas com o dom da poesia, mas as fez todas admiradoras dela, ninguém como o poeta sabe melhor concatenar as palavras, juntar as idéias e extrair delas a poesia, por que isto é privilégio de bem poucos. O Nordeste tem sido celeiro dos melhores poetas populares do Brasil, que muitas vezes sem nenhum estudo, ou erudição canta melhor que ninguém as mais belas páginas poéticas que encantam os maiores letrados. A cidade de Palmeira dos Índios tem sido fecunda no campo literário, podemos citar o lendário Chico Nunes, Pajeú, Jacinto Silva, “o rei da embolada sincopada” e neste mesmo diapasão, surge a figura do poeta José Bernardo da Silva além de tantos outros que emolduram a bandeira da poesia palmeirense, sem esquecer os eruditos como Dr. Ivan Barros, Valdemar de Lima, Bezerra e Silva, Geovan Benjoino, Luiz B. Torres e tantos outros do mesmo liame. Ano passado publiquei neste jornal um modesto ensaio sobre a figura do poeta José Bernardo da Silva, filho dessa terra de tantos menestréis, nascido aos 02 de novembro de 1911, em Palmeira dos Índios e falecido no dia 23 de outubro de 1972, no Juazeiro do Norte, no Ceará, na biografia pesquisada não aparecem os nomes de seus genitores. Trouxe, pois, nosso biografado o dom da poesia, e ela lhe era fácil e presente em sua memória, se lhe faltaram os conhecimentos escolares e até acadêmicos, mas a natureza lhe fora sobeja na poesia que cantou e encantou aos eruditos de seu tempo, e se perpetuou na história desafiando os estudiosos da verve poética dos dias atuais, porque ser poeta não se ensina, por ser dom divino.
Ao longo de sua existência o poeta José Bernardo da Silva viveu da poesia fez dela seu palco aliado a seu campo de ação, em sendo o Juazeiro do Norte na época, a Meca da poesia nordestina, atraía levas de poetas e cantadores para lá, e imbuído desse desejo, nosso poeta maior, emigrou para aquelas paragens onde desenvolveu seu trabalho poético enfocado todos aspectos da vida humana, seu sofrimento, sua luta para a sobrevivência, sua epopéia, os crimes que abalaram a região sertaneja, as secas como fenômenos cíclicos, curandeiros, milagreiros desde Ibiapina, Pe. Cícero, Frei Damião, os cangaceiros com suas volantes, os amores proibidos, enfim foram estes temas prediletos do vate José Bernardo da Silva. Em Juazeiro trabalhou trinta anos criou a Folheteria Silva, passado a ser agente dos folhetos do poeta popular João Martins Athayde, mas tarde adquiriu os direitos do maior poeta popular do Brasil, Leandro Gomes de Barros, isto em 1950, seu nome passou a ser uma referência nacional no campo da literatura de cordel. Com seu falecimento os familiares da Tipografia São Francisco, que na época já comandava passou a condição de editora, e em 1982, foi denominada de Lira Nordestina, foi quando todos direitos adquiridos foram passados para o Estado do Ceará, em compra firmada entre os familiares do poeta e o Estado, e grande parte do acervo foi doado pelos familiares também a Academia Brasileira de Cordel, com uma condição da sede dessa academia ficasse instalada na cidade do Juazeiro do Norte, onde lá está até hoje, como recipendária da cultura popular do Nordeste, como centro de pesquisa.
Ora, prezado leitor, poetas do naipe de José Bernardo da Silva não pode ficar esquecido das novas gerações, necessário se faz que as academias de letras do Estado de Alagoas, mormente a Academia Palmeirense de Letras de Palmeira dos Índios relembre esse vate, orgulho dessa terra, divulgando seu trabalho por meio de panfletos, escolas, associações de classes, grêmios culturais como a famosa Facupira, notadamente neste ano da graça de 2011, quando se comemora o centenário de nascimento do ilustre poeta popular (1911-2011), numa alusão bela ao grande poeta palmeirense.

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