Literatura: O SAL

Literatura

PÇor Jeno Oliveira

Verão de 2006. Acordei em Maceió e antes mesmo do galo cantar, liguei para meu pai: - Deus te abençoe. Era assim que ele atendia o telefone com sua voz de âncora de telejornal. O sol estava tinindo e o sábado com a cara de ilusão de sempre. Combinei com ele de levarmos uns carangueijos para seu apartamento na Serraria, tomar umas cervejas, ouvir Nelson Gonçalves e, lógico, matar a saudade. Nesta época eu morava em Olivença, cidade sertaneja a 230 km de Maceió. Estávamos eu, o número 2 - meu irmão Jaminho - e meu tio preferido, Marcos Tarciso, irmão da minha mãe. Assim que chegamos, tio Marcos foi direto para a cozinha, enquanto ficamos na sala goleando e atualizando as novidades. Eram muitas e nem sempre confessáveis à luz do dia.

Depois de limpar as iguarias e colocá-las na panela com água em fogo alto, tio Marcos, que sempre fora talentoso na cozinha, perguntou-lhe pelo sal. - Onde fica o sal Jobson? Meu pai levantou-se com sua ligeireza habitual - quase derruba a cadeira - abriu o armário na cozinha e lhe entregou o bendito. Devia ter uns 800 gramas. Com o pacote na mão e o cigarro na boca, tio Marcos completou o rasgão de um canto a outro e despejou o sal na panela. Abruptamente. Não sobrou nada. Nenhum grãozinho pra contar estória.

Clique Aqui e veja a crônica completa

Comentários