SANTANA

Crônicas

Lúcia Nobre

Acabamos de participar da maior festa de nossa cidade. A festa da Padroeira Nossa Senhora Santana. A cidade recebe filhos ausentes e convidados. Todos se confraternizam eufóricos e felizes. As ruas sorriem ao receber pessoas saudosas e carentes do afeto dos fiéis moradores. A igreja de Senhora Santana enfeita-se elegantemente e abraça seus devotos. Sempre que volto de Santana, sinto-me feliz com a acolhida dos meus queridos conterrâneos. Os eventos culturais são de primeiro mundo, faz-nos sentirmos agraciados. O povo santanense sempre soube valorizar aquele que contribui para o crescimento da cidade. E a cada acontecimento cultural, sentimos mais a afeição de todos. Agora em 2010, ampliaram-se as alegrias vividas, em mais um evento cultural. Santanenses reunidos cantam o hino da cidade e se emocionam. Entregam mais histórias contadas, cantadas e poetizadas para o deleite daqueles que sabem valorizar sua tradição cultural. Tenho certeza que todos sentem a mesma emoção, saboreando momentos inesquecíveis. Este ano sentimos falta de alguém tão importante em nossos eventos. Como todos aqueles que sempre estão presentes, ela sempre nos dava alegria com sua importante presença. Nilza Marques, querida incentivadora do progresso intelectual de Santana, desde o tempo como bibliotecária da Biblioteca Municipal. Malta cita uma frase em Bastidores de Agradecimentos de A Sombra da Quixabeira: “Quando desejamos algo, o mundo todo conspira para que ele se realize”. Comprova-se, com tudo que os muralistas realizam. Pertinentes, perseguem o objetivo. Entrei devagarinho e hoje faço parte da turma com muito orgulho. Até para quem é muralista ou mesmo colunista, surpreende-se com as histórias dos companheiros escritores. Muitos acontecimentos sobre nossa terra e sobre as pessoas chegam para o leitor como novidade. Cada um tem sua história e com certeza não é conhecida por todos. Aí é que está o valor da leitura, conhecer o que o outro viveu e expressou para que se eternize.

Desconhecia muitos casos ocorridos. Não estava na Rua Nova, atual Benedito Melo, para participar da festa de São João, narrada por José Carvalho. Ele, com olhar crítico, já observava a vivência da comunidade alegre, divertida e festeira. Nomeia pessoas. O que nos faz voltar ao passado e lembrar cada rosto e cada amigo. (À Sombra da Quixabeira, 2010, p. 85). João Neto Felix Mendes menciona Seu Costinha que nos faz lembrar Dona Irene sentada em sua máquina de costura. João Neto nos leva à infância romântica: “há uma paisagem na janela. Na janela há uma alma. Na alma há um coração” (Op. cit, p. 31). Alberto Pereira nos leva ao passado que foi também de outros meninos. Conduziam seus animais para matar a sede. Nos tempos das secas percorriam longos caminhos até as cacimbas. Pelos caminhos maravilhavam-se com a saudação dos passarinhos: “uma variedade de passarinhos estavam em seus galhos, em algazarra, como se estivessem saudando os que chegavam” (Idem, p. 12). Clerisvaldo B. Chagas poetiza o nascimento de Santana do Ipanema. O brado do rio que gritou bem alto, convidando os futuros santanenses: -“façam suas casas, eu dou a areia; fabriquem os tijolos, eu cedo o barro verde; definam seus tetos, eu contribuo com argila; lembrem dos alicerces, eu tenho pedras milenares; tragam os animais, usem meus pastos; provem dos meus deliciosos peixes; e... quando estiverem cansados do trabalho dignificante, durmam sobre colchões e descansem com os travesseiros dos meus juncais” (Idem, ibidem p. 63).

Queridos leitores, eis uma mostra do livro A Sombra da Quixabeira, 2010. Folheando-o, poderão saboreá-lo. Boas leituras.

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