DARRAS NOYA, UM HISTORIADOR

Histórias Engraçadas

Fabio Campos

Ele morava ali, no pavimento superior da Agência dos Correios e Telégrafo, com sua esposa Dona Marinita, diretora do Grupo Escolar Padre Francisco Correia e seus filhos. Ao amigo José Peixoto Noya, peço, permita-me falar essas linhas sobre seu pai.

Darras Noya gostava de freqüentar a Praça do Monumento. Muitas vezes, era visto ali, sentado num daqueles bancos, absorto em pensamentos. Dedicava horas, a observar os transeuntes, a vida e a lida. Sempre alinhado. Calça de linho e sapatos.  Não recordo, de tê-lo visto uma só vez, de bermuda e chinelas de dedo. Braços cruzados a altura do peito. Uma das mãos, a alisar, com os dedos polegar e indicador, os fios de cabelo de um bigode inexistente, imaginário. Na outra mão uma máquina fotográfica. Instrumento do qual, acredito, dificilmente se apartava. E com o qual, registrava tudo o que achava interessante, desde o corriqueiro, o cotidiano a um evento memorável, cultural.

Certa feita, lá estava, na toca, rodeado de curiosos. Observavam algo que ele mostrava. Quis também saber o que era. Eram fotos. Tinha fotos de Santana antiga. E fotos de Santana da época. Fotos que mostravam pessoas “brincando“ carnaval, num tempo a muito passado. E pessoas vestidas em roupas muito engraçadas. As fotos iam sendo manuseadas. E tinha mais: Ele dava pausa em cada uma das fotos, para que todos pudessem analisar uma a uma. Queria que todos olhassem os detalhes. E se dispunha a ouvir atentamente os comentários. Acrescentava informações novas. Tirava dúvidas.

No semblante, uma expressão de pura satisfação. Um sorriso no canto da boca cerrada. Uma sequência de fotos nos chamou a atenção: Eram fotografias da construção do Mercado Municipal de Cereais, esse nome nunca pegou. Mercado da Farinha, foi como ficou conhecido, até hoje. Desde o início até o final:  Fotografou tudo! Acompanhou desde o alicerce, o enchimento das colunas, o erguimento das paredes e o teto. Achei aquilo fantástico!

Em outra ocasião, lá estava Seu Darras, numa roda de amigos e curiosos que gostavam de ouvir-lhe, falar do seu assunto preferido, Santana: De como eram as festas de antigamente e de como são agora (na época), as administrações, as ruas e o comércio de Santana.

E Darras Noya, que era um eterno brincalhão, sai com essa:

-Vocês já observaram, a criatividade dos nomes das lojas do comércio de Santana, A CASA ATRATIVA (era a Casa de ferragens de Seu Abílio Pereira, hoje não existe mais) o que aquela casa tem de ATRAENTE, Nixto (filho do dono da loja) sentado numa cadeira de balanço, alisando um gato ensebado e Abílio atrás do balcão com a mão no queixo! Tão desenganado no mundo que o freguês só chega até a porta e volta!

Aí ninguém aguenta e todos desatam a rir.
 
Santana do Ipanema 28/08/2009   

Comentários