COMO ALGUÉM CONSEGUE VIVER SEM GOSTAR DE CHICO?

Crônicas

Sergios Soares de Campos

Qual Chico?

Sei lá! São tantos! Todos tão bons no que fazem, ou fizeram, que você poderá escolher todos como ídolo e assim estará fazendo um bom negócio.

Vou começar falando do nosso Chico. Francisco Soares, o maior locutor de todos os tempos de Santana do Ipanema. Aquele que através da sua voz, com poucos recursos eletrônicos, o que se tinha disponível, na época, aqui em nossa cidade, levantava a platéia nas maratonas dos eternos carnavais e nos inesquecíveis programas de auditório, em que muitos artista foram revelados. Ele enchia os pulmões, soltava a garganta com seu grito de guerra, “Alôoooooooo maestro”, a partir daí era só alegria, e a empolgação de Chico Soares continuava: “Ou dá ou desce, ou desce ou dá”, até o amanhecer, o raiar da quarta-feira de cinzas.

O mais ferrenho defensor da floresta amazônica também se chamava Chico. Francisco Alves Mendes Filho, foi seringueiro, sindicalista, e ativista ambiental, nasceu em Xapuri-AC e ficou mundialmente conhecido quando passou a denunciar o desmatamento da floresta amazônica. Chico Mendes foi assassinado, enquanto defendia a vida, em 22 de dezembro de 1988, sua morte até hoje é lembrada como símbolo da luta contra a exploração e devastação do meio ambiente.

Muitos de nós, num momento de angústia, fomos acalentados por uma palavra de conforto através das milhares de mensagens que a nós chegaram através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier. Este viveu para a prática do Bem. Foram 412 livros espíritas lançados, abdicou de direitos autorais, em prol da humanidade. Foi um funcionário público exemplar. Cumpriu seu papel de cidadão e, mesmo como espírita, num país de grande maioria católica, nunca polemizou com qualquer fiel religioso. Até quando foi caluniado por um jornalista da revista O Cruzeiro em 1968 (a mais vendida à época), o qual ele tinha lhe atendido muito bem, Chico Xavier não se abalou e continuou seguro com sua obra humanitária.

Nossa geração aprendeu e riu bastante com o humorista Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o Chico Anysio. Natural de Maranguape no Ceará é um dos mais criativos humoristas brasileiros.

É bem verdade que o Brasil exibe um excelente rol de cartunistas bom de traço, porém não podemos discutir esse tema sem passar por mais um Chico, não que seja só mais um Chico e sim estamos tratando do paulista Francisco Paulo Hespanha Caruzo, mais conhecido como Chico Caruzo.

Nós, brasileiros, sobretudo nordestinos, aprendemos a amar um Chico muito em especial. É bem verdade que esse Chico já foi mais potente, muito mais imponente, mesmo assim continua servindo à sua pátria com galhardia. Talvez seja o mais maltratado dos Chico, mas, ao invés de reclamar, o Velho Chico dá mais de si a todos aqueles que dele necessitam. O Rio São Francisco, inicia sua jornada diária na Serra da Canastra - MG e cumpre seu papel em Piaçabuçu – AL.

É isso gente, um pouco sobre alguns Chico do Brasil. Claro que não iria deixa de falar daquele que já encantou e continua encantado gerações, com suas melodias maravilhosas. Vou confessar um pecado, eu já cheguei a não gostar deste Chico, não de sua personalidade, muito mesmo de suas letras, algo que encanta qualquer ser humano, mas achava sua voz inapropriada (vejam que absurdo) para um intérprete da MPB. Certa feita fui dizer isso a um amigo quando ele abruptamente virou pra mim e disse “cale-se”, o que logo o repreendi, “como cale-se?”, e ele sorrindo me falou, “eu não disse cale-se e sim, cálice, afaste de mim esse cálice”, a partir daí não tive mais como não gostar de Chico Buarque.

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