As Escolhas que o Destino não fez!

Cicero de Souza Sobrinho (Prof. Juca)

Tenho cá comigo, que o destino não é aquele caminho que é dado a nós, mas sim, o caminho que 'escolhemos' pra nós mesmos!
Nunca acreditei nessa história de: "é assim mesmo"; "fazer o quê?"; "a gente não pode mudar o destino!"; foi Deus que quis assim!"; a gente já nasce com o destino traçado!". E a pior delas: "a gente tem o que merece!"... se fosse assim, os políticos ladrões, canalhas corruptos e sem escrúpulo algum jamais ficariam impunes. Se assim o fosse, as pessoas que não possuem condições dignas para a sobrevivência (nem mesmo comida e moradia) jamais poderiam, nem ao menos poderiam querer sonhar em mudar de vida. E tantos outros exemplos são perceptíveis aos olhos de quem quer/queira ver!...
Ninguém nasceu com um manual de uso ou mapa dizendo os passos que deveria dar na vida. Decerto que, muitas pessoas gostariam disso, haja vista não serem "capazes" de discernir - não por incapacidade funcional, mas sim, por incompletude de consciência* efetivamente construída - pelo simples fato de julgarem ser natural a condição em que vivem, e por acreditarem que nasceram com um fardo intransferível ou nos ombros!
Parte disso talvez se deva pela inculcação cultural, social e religiosa a que foram e são vítimas! De certo modo, até que é compreensível tal condicionamento e aceitação, entretanto, o que não se pode conceber é fato de um individuo não se inquietar em nenhum momento de sua vida.
Em contrapartida, existem aqueles que não aceitam de forma alguma sua condição, e tentam a todo custo romper com os grilhões que os prendem à ‘coisificação’.
Entendem muito claramente que ’as coisas são por si só vazias’, não sendo más nem boas, dependendo assim da interpretação e significado que damos às mesmas**.
É incrível como algumas pessoas simplesmente não se resignam com as agruras impostas pela vida, ao contrário, se reinventam e lutam até ficarem exauridas buscando uma saída - geralmente fazem isso sem alardes - e quando chegam a este ponto, ao ponto da exaustão física e de ânimo, elas simplesmente se erguem e continuam a luta. Pessoas assim geralmente tendem a vencer, e mesmo que demore ou que pareça impossível, cedo ou tarde, por mais improvável que possa parecer isso acontece.
Entenderam a duras penas que, o que é certo ou errado nessa vida, daquilo que você espera, só depende do que você espera! E isso não depende da formação acadêmica, mas sim do nível de inquietude da forma como percebem o mundo e a si mesmas.
E mesmo indo contra todas as ‘probabilidades’, mesmo enfrentando infindas dificuldades o desejo de mudar rompe com os conformismos impostos sobejamente pela vida em sociedade! Essa inquietação latente aos anseios de necessidade de mudança não é, e nunca foi capricho do destino ou da casualidade.


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* Essa consciência, de acordo Nietzsche,
[...] Já se percebe que o conceito de "consciência", com que deparamos aqui em sua manifestação mais alta, quase desconcertante, tem uma longa história e variedade de formas atrás de si. Poder responder por si, e com orgulho, ou seja, poder também dizer Sim a si mesmo [...] Como gravar algo indelével nessa inteligência voltada para o instante, meio obtusa, meio leviana, nessa encarnação do esquecimento?[...]. NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral (1877).


** Sobre isso, Schopenhauer fala que,
[...] os mesmos acontecimentos, ou situações exteriores, afetam de modo diverso cada pessoa e, em igual ambiente, cada um vive num mundo diferente. Pois o homem lida imediatamente apenas com suas próprias representações, seus próprios sentimentos e movimentos da vontade[...]. SCHOPENHAUER, Artur. Aforismos Sobre a Sabedoria de Vida. 2015

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