Diário de um Caipira - Paris

Manoel Augusto

DIÁRIO DE UM CAIPIRA PELAS RUAS DE PARIS
Ensaio XXIII
TURKEI I
ISTAMBUL -

Chegamos a Istambul num domingo, às 11:00 horas de uma bela manhã de sol. No centro de informações do aeroporto nos informaram que poderíamos chegar ao nosso hotel no Centro da cidade, via metrô. Se de metrô, deveríamos descer na estação central e de lá ao hotel era um salto. Assim fizemos , porém erramos de estação e ao descermos pedimos informações nas bancas de revistas e a taxistas e todos repetiam “Taksin”,”Taksin”, nós entendíamos taxi, taxi e respondíamos: taxi non! Taxi non! Passada mais de hora, “capitulamos”, resolvemos ceder e apanhar um taxi. Demos o endereço do hotel ao taxista e ele calado, andou, andou, achávamos que ele estava nos enrolando, quando de repente, ao atravessarmos o “Estreito de Bósforus”, que liga o continente Asiático ao Europeu, nos surpreendemos com a chegada a localidade de “Taksin”, considerada o “centro mais moderno” da cidade – Stambul tem três bairros considerados “centrais”, dois no Continente Europeu e um no Continente Asiático, foi quando nos demos conta de que “Taksin não era taxi” e sim o bairro onde se localizava o nosso hotel. A saída foi rir e rir de nós mesmos, pela mancada...Entretanto confesso que não foi burrice como podes estar pensando e sim desconhecimento do panorama local, pois quando decidimos fazer escala em Istambul na véspera da partida para Ilha de Chipre, descuidamos de consultar o guia de viagem da Turquia e ao chegarmos nos deparamos com uma língua pouco conhecida para nós, e nas ruas poucos entendiam o nosso inglês e menos ainda o português. Istambul é uma cidade fantástica, espraiada em dois continentes, parte na Europa e parte na Ásia, onde habitam mais de 13 milhões de pessoas (está entre as 5 cidades mais populosas do mundo) e uma história riquíssima e cheia de curiosidades. Andando pelas ruas de Istambul, atravessando suas pontes ou visitando o “GRAN BAZAR”, passavam filmes pelas nossas cabeças, relembrando a história das navegações, as guerras de conquistas e as tramas de espionagem comuns no período da guerra fria (Oriente x Ocidente), tão explorados pelos cineastas e pelos gibis “FBI”, tendo Istambul como teatro de operações.
Ao chegarmos ao hotel, cerca de 14:00 horas, deixamos nossas bagagens e fomos procurar restaurante pois estávamos quase azuis de fome. Ao virarmos a primeira esquina fomos praticamente intimados pelos garçons de um restaurante para provarmos a sua especialidade: shurbah, para nós, sopa. Mesmo desconfiados, aceitamos o convite e provamos a “especiaria”. Muito boa, durante os dias que passamos em Istambul, nos tornamos assíduos frequentadores daquele restaurante. Mas, o nosso “desconfiamento” ocorreu pela lembrança que nos veio a mente de uma estória atribuída a um garçom no Rio de Janeiro, nos anos cinquenta. Conta a lenda, que o Presidente Getulio Vargas, ao visitar um restaurante tradicional do Rio de Janeiro, foi abordado por um velho garçom, seu fã incondicional, que atarantado com a sua presença falou para o Presidente: Como eu não tenho nada que possa lhe oferecer, permita-me um conselho: “Nunca tome sopa em restaurante”!!!...
Com a chegada da noite, chegaram também as comemorações do campeonato turco, vencido pelo FENERBAHÇE, cujo herói do jogo e do campeonato foi o brasileiro ALEX, hoje jogando no Curitiba. Aonde chegávamos, gritavam: Brezil? Brezil? Alex, Alex, I love You!!! I love You Alex!!!... era emocionante a receptividade. As comemorações pela conquista do campeonato duraram a semana, em toda a Turquia, onde chegávamos.
Istambul é uma cidade fascinante e “misteriosa”, a única metrópole eurasiana,ela está situada nos continentes Asiático e Europeu, ligados através do Estreito de Bósforo. A exemplo de Roma, também chamada de “ A CIDADE DAS 7 COLINAS”, em cada uma delas situa-se uma majestosa Mesquita, com os seus MINARETES, vistos à distancias.
Ficamos alguns dias em Istambul aproveitando o tempo para conhecermos os pontos turísticos mais famosos: os palácios, os museus, as mesquitas, o Gran Bazar e observar o belíssimo por do sol e o tráfego de navios no Estreito de Bósforo, o elo de ligação entre o Mar Negro e o Mar de Mármara e a seguir Mar Egeu, rota para o Mediterrâneo.
Foram dias inesquecíveis, marcados pela receptividade e gentileza dos turcos e também pela vibração nas ruas em plena campanha política para eleição do Presidente da República e dos membros do Parlamento Nacional, parecia que estávamos no Brasil em véspera de eleições! Alguns faziam questão de contar o que sabiam do Brasil e nos indagar sobre vários aspectos da vida brasileira. Frequentemente encontrávamos com brasileiros e até pessoas conhecidas e amigas. Foi uma viajem proveitosa e divertida que valeu muito a pena, principalmente pela oportunidade de fazer uma revisão da história daquela fantástica metrópole.
Imaginava Istambul, uma cidade misteriosa e enigmática, cujo acontecimento mais marcante teria sido TOMADA DE CONSTANTINOPLA PELOS TURCOS EM 1453. Fundada em 667 a.C., pelos chamados colonos dóricos da Cidade–Estado de Mégara, recebeu o nome de Bizancio em homenagem ao rei Bizas, passando a capital do Império Bizantino até 330 d.C. Nesse ano, o Imperador Romano Constantino, o Grande, a nomeou capital do Império Romano do Oriente, precisamente no dia 11 de maio, rebatizando-a de Nova Roma. Todavia, em homenagem a Constantino, o povo chamavam-na de Constantinopla e assim permaneceu por mais de mil anos. Durante o Império Otomano até 1923, quando MUSTAFA KEMAL ATATURK proclamou a República da Turquia, os turcos chamavam-na de Istambul, nome oficialmente adotado a partir de 1930. Istambul é o principal centro industrial, comercial e cultural da Turquia, com significativa parcela do seu patrimônio histórico declarado patrimônio mundial pela UNESCO desde 1985 e em 2010 foi eleita a Capital Européia da Cultura.
Como se vê, Istambul é uma cidade milenar com uma vasta e complexa história de lutas e conquistas, vale a pena conhecê-la.


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