Números reveladores da atividade cultura do feijão em Santana do Ipanema -AL.

João do Mato

Chamou-me a atenção os números do Censo Agropecuário de Santana do Ipanema AL,uma sequência de treze anos sobre o panorama da cultura do feijão.Como sou santanense e da área agronômica, me detive nesses números e comecei a fazer uma análise sobre o quê os números querem dizer.

Vejamos:


Fonte IBGE, Censo Agropecuário de Santana do Ipanema-AL


Análise:

1 ) Olhando a sequencia dos anos de 2004 a 2011, vemos uma produtividade compatível com a tecnologia empregada na cultura e a precipitação pluviométrica também compatível. Nessa sequência, tivemos uma produtividade média para os 8 anos de 470,37 Kg/ha, com intervalo de variação para mais de 94Kg/ha para o ano de maior produtividade e 116 Kg/ha para menos para o ano de menor produtividade. Ou seja, transformando em medida regional, tivemos na média 2,38 sacos de 60Kg /tarefa , o melhor ano de 2,8 sacos/tarefa e o pior ano da sequência de mínimo em relação ao pior ano de 1,78 sacos/tarefa.

2 ) Observando a sequência dos anos 2012 a 2016,vemos uma produtividade compatível com a tecnologia empregada na cultura e a precipitação pluviométrica não compatível. Na sequência mencionada de 5 anos, tivemos uma média 154Kg/ha com intervalo de variação para mais 127,8 Kg/ha para melhor média dos anos e de menos 96Kg/ha para a pior média da sequência. Ou seja,transformando em medida regional, tivemos uma média de produtividade nesses anos 46,6 Kg/tarefa, a melhor média da sequência com 85,45 Kg /tarefa e a pior média com 17,58Kg/tarefa.

Qual a explicação para tamanha disparidade entre as duas sequencias apresentados.

Conforme foi mencionado na análise: condições climáticas diferentes entre as duas sequencias, já que a tecnologia empregada na cultura foi a mesma para ambas.

Segundo o especialista, o La Niña tem efeito oposto ao El Niño. Enquanto o primeiro esfria as águas do Pacífico, o segundo aquece. “Essa mudança de fenômenos altera as correntes na atmosfera. E essas são responsáveis por, em anos de La Niña, chover mais no Nordeste e menos no Sul e em anos de El Niño ocorrer o contrário”

.https://agrosmart.com.br/meteorologia/el-nino-e-la-nina-entenda-os-fenomenos-e-impactos-no-brasil/

Os impactos do El Niño no Brasil são bastante diversificados, afinal nosso país possui dimensões continentais. Em algumas áreas produz secas extremas, em outras eleva as temperaturas ou pode provocar chuvas intensas em determinadas regiões.

Região Norte: Redução das chuvas no leste e norte da Amazônia, aumentando a probabilidade de incêndios florestais.

Região Nordeste: Secas de diversas intensidades nas áreas centrais e norte da região, as porções sul e oeste não são significativamente afetados.

Região Centro-Oeste: Não há efeitos pronunciados nas chuvas e na temperatura nessa região. Mas há tendências de chuvas acima da média e temperaturas elevadas no sul do Mato Grosso do Sul.

Região Sudeste: Não há padrão característico de mudança das chuvas, mas com aumento moderado das temperaturas médias.

Região Sul: Chuvas abundantes acima da média histórica e aumento da temperatura média.

Influência da La Niña no Brasil

Região Norte: Aumentos na intensidade da estação chuvosa na Amazônia, ocasionando cheias expressivas de alguns rios da região.

Região Nordeste: Chuvas acima da média na região, justificando enchentes no litoral nordestino.

Região Centro-Oeste: Não há efeitos pronunciados nas chuvas e na temperatura nessa região,mas há tendências de estiagem.
Região Sudeste: Não há padrão característico de mudança das chuvas e nem na temperatura.

Região Sul: Estiagem em toda região, principalmente no inverno.

Efeitos do El Niño e La Nina no Brasil

O trabalho duro do produtor torna-se ainda mais difícil
Nesse contexto a agricultura é o setor da economia mais afetado. Além disso, os fenômenos climáticos expõem a complexidade dos desafios do produtor rural em tomar decisões no campo. Para superar isso, uma das principais saídas é investir em tecnologias que o ajude a reduzir os riscos e produzir mais, com menos.

Essa conclusão sobre esses efeitos, significa dizer que o agricultor que trabalha com agricultura de sequeiro, precisa estar mais informado em termos de clima e tecnologia para evitar prejuizos de ordem financeira. ( agricultura de sequeiro- depende do clima, principalmente da chuva)
Isso cabe aos órgãos de assistência técnica, que dispõem dessas informações, orientar o produtor rural para evitar ou minimizar esse prejuizo.

Se não vejamos: sabemos que no final de 2016 o fenomeno El Nino deu lugar ao La Nina e tivemos chuva acima da média no Nordeste no ano de 2017 e o fenômeno continua de acordo com o Serviço de Meteorologia -IMNET- no ano de 2018, portanto, temos grandes probalidades de termos um bom ano agrícola em produtividade agrícola.

Para os anos do fenômeno El Nino, caso não se tenha variedades de feijão carioquinha ou similar resistente á sêca, deveremos cultivar outras variedades feijão, tipo caupi ou corda, ou outras culturas, se não com resultados financeiros igual ao feijão em anos normais, mas que retornem financeiramente.

A informação meteorológica está aí, vamos utilizar essa ferramenta de maneira mais adequada.

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