Antes, para compreendermos o "porque" do que não pode, vejamos o sentido bíblico. No evangelho de Mateus cap. 04 fala sobre os quarentas dias e quarenta noites de Jesus no deserto, onde foi tentado e só usou de jejum e oração, e trazendo isso para os contextos de hoje, somos também convidados a fazer jejum e oração, nos afastar de nossos vícios, nossa fartura, nossos luxos, vivenciando em nós o que Jesus passou, por isso que na quaresma a igreja se dispoja do atrativo aos olhos e aos ouvidos, as imagens são cobertas, os instrumentos se resumem ao mais simples possível, os sinos se calam até a quinta-feira santa, em casa os cristãos católicos muitos fazem promessas para não ingerir bebida alcoólica, ou outros vicios, muitos não ingerem carne nas quartas e sextas, outros somente na sexta e outros a quaresma inteira.
E quais os exageros? Os exageros litúrgicos! A quaresma liturgicamente é um tempo de de recolhimento e oração, de jejum e penitência, e na música não é diferente, é expressivamente notável que na quaresma as musicas ganham um tom mais leve, mais penitencial, e os ministérios jovens por exemplo são os que mais sofrem, algumas vezes por desobediência, outras vezes por falta de capacitação e instrução, e outras vezes por se por num palco dentro da igreja, mas em sua maioria, intercalam o som da bateria, do baixo, da guitarra, deixando apenas o órgão e em alguns casos mais emergenciais um cajon e um violão, deixando no ar o clima do despojo, do simples, musicas sem muito arranjo, o canto do Hino de Louvor popularmente; Glória cala-se, exceto em solenidades durante a quaresma como a de São José por exemplo, o canto do Aleluia também cala-se, dando lugar aos refrões quaresmais sugeridos pela campanha da fraternidade de cada ano.
Na quaresma não pode ter exaltações, não se pode bater palmas, não pode ter danças, nem incenações (com excessão da via sacra ou da paixão de Cristo) isso também fora da igreja, nós músicos temos as mesmas obrigações de um cristão fiel, abster-se de carne, nos fortalecermos na oração, de fazermos jejum, estar presente nas missas, encontros e outros ritos quaresmais. Por isso que na quaresma tudo muda, tudo se transforma, para que possamos limpar nosso corpo e nossos corações para celebrarmos a páscoa com Cristo como filhos de Deus verdadeiramente, embora a partir da próxima quarta iremos lembrar os quarenta dias e noites de Cristo no deserto, finalizando com sua paixão, morte e ressurreição, nós celebramos um Deus vivo, um Deus verdadeiro, que nos ama e nos quer bem, e a maior prova disso foi seu amor por nós, cada missa dominical celebramos os mistérios pascais de Cristo, e durante a quaresma apenas nos lembramos vivenciando o que ele passou, o Cristo filho do pai.
Ritual não é farça, nem crendices, os rituais nossos dentro da quaresma através da música tem uma mística que só sabe que vai a igreja com o coração aberto, quem vai com ele fechado, olhando pro relógio a toda hora fuçando as redes sociais algumas vezes, ou inquieto esperando alguém ou alguma coisa, não consegue sentir e menos ainda por em prática as lições de vida de Jesus, e as canções nos ajudam sempre a entrar no clima da quaresma, pois a cada ano a CNBB sugere um tema, pra você não como católico, evangélico ou cristão, mas você como pessoa, seja de qual religião for, a agir pela sociedade, pela natureza, pela vida, canções que te fazem lembrar que Deus também foi homem como nós na pessoa de Cristo, cujo a única inexistência foi a do pecado.
Faça isso, abra seu coração e sua mente, experimente viver o que Cristo viveu, comece no retiro e continue durante toda a quaresma, e no fim, na noite de alegria imensa do Sábado Santo pergunte a você mesmo, o que mudou em sua vida?
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